domingo, 3 de julho de 2011

CASA DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS PONTE NOVA | MG

Apresento aqui o produto final de toda a pesquisa desenvolvida durante o semestre, juntamente com a colaboração das postagens para este Blog.

Adriana de Castro Mucci Daniel
Profª Raquel Garcia, Prof. Frederico Canuto e Prof. Paulo Waisberg
Belo Horizonte, 30 de junho de 2011


APRESENTAÇÃO

Este trabalho busca contribuir, de forma efetiva, para uma melhor qualidade de vida de um grupo social predominante e desfavorecido em sua maioria: os idosos. Com a implantação da Casa de Convivência, instalada no coração da cidade de Ponte Nova (Minas Gerais), próxima a um dos bairros mais carentes, um dos objetivos é alcançar a reinserção do idoso como cidadão na sociedade e no mercado de trabalho, com as oficinas de artesanato. Com alternativas simples tem-se uma vida mais dinâmica e criativa, interação social e inclusão. Destinada à pessoa idosa, a Casa de Convivência promoverá encontros, feiras, seminários, palestras, cursos envolvendo artes-artesanato-reciclagem, passeios turísticos, eventos culturais e artísticos, além de educação física.


1. FORMULAÇÃO DOS PROBLEMAS E JUSTIFICATIVA


1.1. Problemática e justificativa
O rápido crescimento previsto para a população idosa em países como o Brasil, nas próximas décadas, indica a necessidade de se estimular estudos voltados para a terceira idade no contexto do Terceiro Mundo. (IBGE, 2010)
À nível da distribuição geográfica da população brasileira, os movimentos migratórios acompanharam o processo de expansão das fronteiras econômicas. Nesse contexto, tivemos nos últimos 40 anos, particularmente, após a década de 50, um intenso processo de concentração urbana da população brasileira. (IBGE, 2010)
Isso fez com que hoje o Brasil seja uma sociedade predominantemente urbana que experimenta nessas áreas um intenso processo de envelhecimento populacional. (IBGE, 2010)
Tais transformações geográficas e demográficas têm importantes conseqüências sociais e econômicas para a população como um todo e para a população idosa em particular. Nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período. Em 2000, segundo o Censo, a população de 60 anos ou mais de idade era de 14.536.029, contra 10.722.705 em 1991. O peso relativo da população idosa no início da década representava 7,3%, enquanto, em 2000, essa proporção atingia 8,6%. (IBGE, 2010)
Países de primeiro mundo estão bem mais preparados para enfrentar esta realidade, no Brasil o direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade na constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90 que regula, em todo o território nacional às ações e serviços de saúde, executados, isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídica de direito público ou privado. (Brasil, 1990)
O pais começa a se organizar para receber as crescentes demandas de sua população que envelhece, só em 1994. A Política Nacional do Idoso, através da lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994, assegura direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS. Implementou também os cursos de Geriatria e Gerontologia Social nas faculdades de medicina. A Geriatria é uma especialidade médica que trata da saúde do idoso, enquanto Gerontologia é a ciência que estuda o envelhecimento.
Em 1999, a Portaria Ministerial nº 1.395 anuncia a Política Nacional de Saúde do Idoso, a qual determina que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde relacionados ao tema promovam a elaboração ou a readequação de planos, projetos e atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidade nela estabelecida. (Brasil, 1999)
Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona o Estatuto do Idoso, elaborado com intensa participação de entidades de defesa dos interesses dos idosos. O Estatuto do Idoso amplia a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa.
“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público, assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.” (Ministério da Saúde, 2003)
Assim, embora a legislação brasileira relativa aos cuidados da população idosa seja bastante avançada, a prática ainda é insatisfatória, seja pelo não cumprimento das leis, seja pela inexistência principalmente de condições estruturais que possibilitem por um lado à inclusão social do idoso e por outro a prática da vida saudável.
Especificamente, a cidade de Ponte Nova possui segundo o último senso do IBGE (2007) cerca de 57.390 habitantes, dos quais 8% são idosos. Tal fato denota uma preocupação quanto à existência de ações políticas que acompanhem essa mudança no perfil social, e é através de projetos sociais, encontros entre grupos da 3ª idade, etc., que o município tenta cumprir as leis oferecendo diversas atividades e serviços destinados à população idosa.
Em Ponte Nova, entre vários outros grupos da terceira idade, predominam três, que são os maiores: Movimento Sabedoria e Paz, grupo De Bem com a Vida e o Clube da Maturidade. Estes projetos, coordenados por diferentes setores dentro da gestão pública municipal, além da gestão em associações, instituições e outros organismos, acontecem em espaços inapropriados, muitas vezes improvisado e insuficiente para comportar todo o grupo, e isolados. Sendo assim, faz-se necessário a criação de um espaço exclusivo para tal fim, onde estejam centralizados estes serviços e que atenda às necessidades físico-espaciais mínimas indicadas para o público alvo em conformidade com o programa necessário para o desenvolvimento das atividades a serem exercidas e de acordo com as disposições da NBR 9050 que estabelece normas de acessibilidade a edificações públicas, mobiliários e equipamentos urbanos, da Associação Brasileira de Normas Técnicas e da Portaria 810 do Ministério da Saúde onde são estabelecidas normas para o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento do idoso. Além disso, o projeto deve atender à legislação municipal vigente (Plano Diretor, Código de Obras, normas de prevenção a incêndio, etc.)


1.2. Objetivo

Este início de estudo busca o desenvolvimento de um projeto que atenda à população de idosos do município de Ponte Nova/MG, proporcionando acesso à diferentes serviços e acompanhamento de caráter sócio-educacional, objetivando o resgate à cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
A Casa de Convivência tem como proposta arquitetônica desenvolver espaços para atender o idoso sobre aspectos que permitam explorar suas potencialidades, respeitar suas limitações e suprir suas necessidades básicas de saúde e bem estar. Atuará com conjuntos de profissionais de diferentes formações na área da saúde e jurídica, embasados em seu conceito amplo, contribuindo com ferramentas específicas de sua área de saber a atuação. Os serviços oferecidos pela Casa buscam minimizar as dificuldades e restrições enfrentadas por esta população. Possibilitando de forma objetiva, valorizar, estimular e recuperar habilidades produtivas, independente de limitações motoras e cognitivas, despertando um olhar para capacidades que levam ao reconhecimento de que todos são capazes, enquanto houver “vida”, de encontrar um sentido para continuar vivendo e bem.
Os baixos níveis de saúde na velhice associam-se a altos níveis de depressão e angústias com baixos níveis de satisfação de vida e bem estar. As dificuldades e limitações do idoso em realizar as atividades da vida diária que são referidas como: tomar banho, vestir-se, levantar-se e sentar-se, caminhar a uma pequena distância; ou seja, atividades de cuidados pessoais básicos, devido a problemas físicos ocasionam dificuldades nas relações sociais e na manutenção da autonomia, trazendo prejuízos à sua saúde emocional. Por isso o convívio social se faz necessário.

2.1. Localização

O terreno se localiza em Ponte Nova, um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Localizado na Zona da Mata Mineira, sua população estimada em 2007 é de 57.390 habitantes. O município localiza-se na Mesorregião da Zona da Mata mineira. A sede dista por rodovia 170 km da capital Belo Horizonte. A altitude da sede é de 431 m. O clima é do tipo tropical de altitude com chuvas durante o verão e temperatura média anual em torno de 19°C, com variações entre 14°C (média das mínimas) e 26°C (média das máximas). O município integra a bacia do rio Doce, sendo banhado por um de seus principais formadores, o rio Piranga. (ALMG)


Fig.1 – Mapa de localização do município de Ponte Nova

2.2. Apresentação do terreno e entorno

O terreno para a implantação da Casa de Convivência para a população idosa, foi escolhido e sugerido pelo grupo de arquitetos do setor de planejamento da Prefeitura de Ponte Nova, como o local propício, no presente momento, para a implantação do equipamento proposto. O município possui dois centros, o Centro Histórico, com leis de uso e ocupação mais severas e, o centro comercial, no Bairro Palmeiras, justamente onde se encontra o terreno.
Está inserido no centro comercial do município, dotado de infra-estrutura urbana, e entre duas principais avenidas que ligam o principal bairro, ou seja, o Bairro Palmeiras aos bairros São Pedro e Palmeirense, o conjunto mais carente de Ponte Nova.
Como a proposta da Casa de Convivência é dedicada ao público idoso e carente economicamente, acredita-se ser a localização estratégica, uma vez que, apesar de amplo número de linhas de transporte coletivo que circulam pela região, a acessibilidade por meio da caminhada é garantida.
Não há oferta de atividades de lazer similar que possam ser freqüentadas gratuitamente, na região. A acessibilidade e a questão financeira são fatores limitantes à inserção e ao interesse por equipamentos de lazer, como por exemplo, clubes esportivos.
O terreno está na Rua Caraíbas, entre os números 347 e 361, Bairro Palmeiras. É de propriedade particular e está vazio (demolido) e em desuso há 12 anos. A área é totalmente desprovida de vegetação natural e possui forma retangular, porém, estreito (frente) e comprido (extensão). Localizado numa parte mais alta cidade, também não existem barreiras físicas, edifícios de grande porte nas imediações, o que favorece a ventilação e luminosidade naturais.
Apesar de o Coeficiente de Aproveitamento (CA) ser de 4,6 vezes o tamanho do terreno, as edificações do entorno não são altas, predominando casas de moradores tradicionais, o que ratifica o caráter predominantemente residencial, sendo assim, pertencendo à ZR4.
O sistema viário do entorno imediato é bem estruturado, sendo o terreno localizado entre duas vias coletoras (Av. Dom Bosco e Av. Dr. José Mariano), oferecendo opções também de linhas de transporte coletivo.


Fig.2 – Ponte Nova por satélite – Região do terreno em destaque


Fig.3 – Terreno por satélite - Zoom


Fig.4 – Foto tirada do fundo do terreno.


2.3. Topografia

Cercado por um muro de alvenaria, o lote possui, aproximadamente, 21 metros de testada por 46 metros de profundidade, ou seja, 966 metros quadrados.


Fig.5 – Topografia do terreno


Fig.6 – Inclinação do terreno – Corte esquemático

2.5. Legislação Pertinente

O terreno encontra-se, segundo a lei nº 3.445/2010, Lei de Ocupação, Uso do Solo e Zoneamento do Município de Ponte Nova, na ZR4 (Zona Residencial 4) que terá como características a predominância de uso residencial, sendo permitido instalar todo tipo de comércio e serviço, indústrias caseiras e de pequeno porte, não incômodas, e estabelecimentos institucionais dos tipos regional e geral.
Para efeito de novos parcelamentos, serão exigências para os lotes da ZR4:

• área mínima de 300 (trezentos) metros quadrados
• testada mínima de 10 (dez) metros
• coeficiente de aproveitamento máximo de 4,6 (O potencial construtivo é calculado mediante a multiplicação da área total do terreno pelo Coeficiente de Aproveitamento)
• taxa de ocupação máxima (indica a área máxima de construção, em projeção horizontal, que pode ser ocupada em relação à área do terreno de 85% (oitenta e cinco por cento) para o 1º (primeiro) pavimento, desde que para uso comercial e/ou garagem, e de 75% (setenta e cinco por cento) para os demais pavimentos;
• taxa de permeabilização mínima de 10% (dez por cento).
• gabarito máximo das edificações será de 6 (seis) pavimentos.
(acima do gabarito só será permitida a construção de reservatório de água e terraços)
• será obrigatório afastamento frontal mínimo de 1,50 m (um metro e cinqüenta centímetros) e, para abertura de janelas, afastamento mínimo de 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros) das divisas laterais e de fundos.

Uma edificação destinada a abrigar uma Casa de Convivência para Idosos, é considerada, segundo a Listagem dos Usos permitidos por Zona, ainda dentro da Lei 3.445/2010, uma Entidade de Assistência e Promoção Social e classifica-se como Uso Institucional Geral/Regional.


Plano Diretor Estratégico de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Município de Ponte Nova (PLEDS)

Art. 1º Fica instituído o Plano Diretor Estratégico de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Município de Ponte Nova (PLEDS) como instrumento básico para ordenar e desenvolver adequadamente a estrutura física e as funções sócio-econômicas e administrativas, garantindo a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes

Art. 4° A estrutura conceitual desta Lei se embasa no ser humano e na potencialização de suas atividades no espaço urbano, previstas nas leis mencionadas no preâmbulo, com os seguintes fundamentos:
III – inserção social e aumento da auto-estima pela valorização cultural, melhoria educacional e do espaço urbano, promovendo sua diversificação e atratividade;


Art. 60. O Programa Assistir para a Vida consiste num conjunto de serviços e atividades que visam assegurar à população em geral condições dignas de vida, considerando as desigualdades sociais resultantes do processo de desenvolvimento da região.
Art. 61. São diretrizes para a efetivação do Programa Assistir para a Vida:
I – Para a capacitação do indivíduo:
b) amparo à terceira idade;


Estatuto da Cidade

Art. 1º Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos,
bem como do equilíbrio ambiental.

Art. 2o - A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações.


Ministério das Cidades

O desordenamento do crescimento periférico associado à profunda desigualdade entre áreas pobres, desprovidas de toda a urbanidade, e áreas ricas, aprofunda essas características, reforçando a injustiça social de nossas cidades e inviabilizando a cidade para todos. Para minimizar esses problemas e colaborar para a transformação deste modelo de urbanização, o Ministério das Cidades priorizou o apoio ao planejamento territorial urbano e à política fundiária dos municípios.A Secretaria Nacional de Programas Urbanos tem como missão implantar o Estatuto das Cidades através de ações diretas, e ações de mobilização e capacitação profissional.

ABNT NBR 9050:2004
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos

1.Objetivo: Esta Norma visa proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.


NBR 9077 – Saídas de Emergência em edifícios

1 Objetivo
1.1 Esta Norma fixa as condições exigíveis que as edificações devem possuir:
a) a fim de que sua população possa abandoná-las, em caso de incêndio, completamente protegida em sua integridade física;
1.3 Esta Norma se aplica a todas as edificações, classificadas quanto à sua ocupação, inclusive locais onde pessoas requerem cuidados especiais por limitações físicas e mentais .)

3. OBRAS ANÁLOGAS

3.1. Recanto da Feliz Idade – Belo Horizonte/MG

Localizado na Rua La Plata, nº 68, Bairro Sion. Comporta 20 idosos, portanto, hoje residem 17 senhoras. Apenas do sexo feminino, a mais nova possui 62 anos e a mais velha 99 anos. Todas as 17 residem na casa, portanto são totalmente livres para receber a visita da família no Recanto ou também acontece da família buscar para passar o dia. A casa comporta o total de 8 quartos (duplos e triplos) e apenas 1 individual onde vive a senhora mais jovem. Todos os quartos possuem câmeras de segurança instaladas para que a família possa monitorar as senhoras durante 24 horas/dia. São 6 quartos no primeiro pavimento e 2 no segundo pavimento, sendo banheiros adaptados com rampas para cadeirantes e barras de apoio. A casa possui um elevador interno (plataforma para cadeirantes) que elas usam diariamente com o auxílio da cuidadora.


3.2. Salão do Encontro - Betim/MG

Localizado na Av. João da Silva Santos, nº 34, bairro Santa Lúcia, em Betim, a 35 km de Belo Horizonte, o Salão do Encontro completou 40 anos de fundação em outubro de 2010. Ocupa os dois lados da avenida e ao final dela. Em meio a tanto verde, casinhas rústicas são espalhadas pelo vasto bosque. Cada casa abriga uma oficina educativa e/ou profissionalizante. Fundado pela professora Dona Noemi Gontijo, hoje o Salão do Encontro é uma ONG e presta serviço assistencial à comunidade, não limitada, mas predominante, de Betim. Famílias foram e são criadas ali. Enquanto a mãe está produzindo tapetes, o marido está na marcenaria e o filho na creche. Há pessoas que estão há 32 anos na instituição; foi aluno e hoje é coordenador/monitor de oficina.
Ao longo da trajetória, a instituição consolidou-se como uma referência nacional e mundial de amparo às famílias menos favorecidas por meio de programas educacionais, geração de trabalho e renda pelo artesanato, alimentação, saúde e moradia digna. Atualmente, a instituição beneficia mais de 1.200 pessoas, crianças, jovens, adultos, idosos e pessoas com deficiência.
O Salão do Encontro é o sonho real de dona Noemi e do Frei Stanislau, amigos que somaram as experiências para combater a pobreza no bairro Santa Lúcia. No início, a assistência acontecia num salão rústico, onde sopas eram servidas para os menos favorecidos. Com o tempo, perceberem que as ações deveriam ser ampliadas, com foco na geração de trabalho e renda. Com a ajuda de Dona Risoleta Neves, o Governo do Estado de Minas Gerais doou o terreno para ampliação das atividades.
Valorizar a família, resgatar a auto-estima, promover a inclusão social e a formação da cidadania são os pilares fundamentais das ações do Salão do Encontro durante os 40 anos. Desenvolver ações estratégicas que garantam o acesso à educação, cultura e a capacitação profissional de pessoas de baixa renda e com deficiência, promovendo a redução da desigualdade social e o crescimento do indivíduo e da comunidade.
Os artesãos do Salão do Encontro, em sua maioria, são as ex-crianças e adolescentes formados e qualificados pela instituição. São verdadeiros artistas que dão continuidade ao trabalho de semear esperança e dignidade. Atualmente, artesãos atuam nas oficinas artesanais, divididas em 17 modalidades. O artesanato produzido valoriza a cultura mineira e é reconhecido no Brasil e exterior por resgatar as tradições regionais.
As atividades desenvolvidas são:

• Oficina de móveis rústicos
• Tear de sisal
• Tear mineiro
• Tear chileno
• Tear kilim
• Cerâmica
• Marcenaria de brinquedos
• Confecção de flores e arranjos
• Oficinas de brolhas
• Cestaria
• Confecção de bonecas de pano
• Estofados
• Confecção de almofadas
• Tingimento de fios
• Empalhamento de móveis
• Confecção de jogos de raciocínio lógico
• Confecção de cartões ecológicos.

O Salão do Encontro é reconhecido como lugar-referência da cultura betinense, na categoria patrimônio imaterial e foi registrada como patrimônio cultural do município, em 2000, pela Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe).
A instituição atende 900 crianças e adolescentes no programa educacional, 73 educadores/monitores, oferecendo, além das oficinas recreativas e direcionadas a cada idade, refeições como café da manhã, fruta, almoço e lanche da tarde. O programa de formação profissional, emprega 288 artesãos, entre eles adultos(223), idosos (17) e portadores de necessidades especiais (48). Os idosos trabalham 4 horas por dia, ou das 8 às 12 horas (mais almoço), ou das 13 às 17 horas (mais lanche).
Todos os 73 educadores/monitores do Programa Educacional, e os 288 artesãos do Programa de Formação Profissional, são assalariados e trabalham com carteira assinada. Parte a Prefeitura de Betim custeia e parte dos patrocinadores, como Petrobrás, Cemig, Fiat, etc., bem como os alimentos para as refeições ofertadas. A instituição sobrevive em meio patrocínio, de doações que são poucas e da venda dos artesanatos.
O artesanato do Salão do Encontro preserva o meio ambiente e contribui para a geração de trabalho e renda para os 288 artesãos. O trabalho digno e sustentável está presente na beleza e qualidade dos produtos confeccionados. Madeiras de reflorestamento são transformadas em móveis, sobras de tecidos dos teares viram bonecas de pano, folhas e flores secas são matéria-prima para arranjos decorativos. A venda do artesanato é revertida para a manutenção dos programas sociais da instituição.

3.3. Asilo Municipal de Ponte Nova/MG

Localizado às margens do Rio Piranga, na Av. Antônio Brant Ribeiro, nº 78, Centro de Ponte Nova, foi fundado em 21 de novembro de 1927. Muito bem situada, os internos afirmam que gostam do local. A grande maioria é proveniente de zona rural, e a possibilidade de verem movimento e pessoas é a única distração que lhes sobra. O espaço físico é precário, desconfortável e inadequado. Nenhuma atividade de lazer e serviços voluntários são realizados. É preciso reformar não somente toda a estrutura física, como, mais importante, o Sistema de Terceira Idade de Ponte Nova.
Espaço existente: 700 m²
Exigido para 50 pessoas: 1.500 m²
Com capacidade limite para acolher 54 idosos, o asilo comporta as 54 vagas. Para atender ao perfil, basta ter 60 anos ou mais, morar em Ponte Nova há pelo menos 3 anos, pois a procura é alta, e que não tenha doença infecto-contagiosa. O SUS fornece os medicamentos dentro da disponibilidade.

4. DEFINIÇÕES PROJETUAIS

4.1. Definição do Empreendimento


O tema proposto para o Trabalho Final de Graduação (TFG) é uma Casa de Convivência para a terceira idade. Tal projeto pretende criar espaços adequados que atendam às atividades existentes no município de Ponte Nova voltadas para os idosos.
A coordenação dessas atividades é feita com basamento no Programa Social desenvolvido e exercido pelo Salão do Encontro, que oferece aos idosos atividades e serviços sociais que, além de cumprir as leis, visa proporcionar aos pontenovenses um envelhecimento com qualidade.
A proposta é criar espaços articulados e adequados (de acorod com as normas de acessibilidade), onde o idoso possa exercitar e estimular a mente e o corpo, proporcionando um melhor relacionamento familiar e integração à sociedade.
O terreno a ser trabalhado é de propriedade particular que será negociado com a Prefeitura Municipal de Ponte Nova, uma vez que esta é a empreendedora do projeto e possui interesse em construir esse espaço, não substituindo o Asilo que está precisando e já existe um projeto de reforma e ampliação deste.

4.2. Programa e Pré-dimensionamento

Não será um grande empreendimento, pois são apenas quase mil metros quadrados, porém suficientes para as instalações para atender centenas de idosos. Setores foram definidos de acordo com semelhanças das funções de cada ambiência. Considerando o público desfavorecido economicamente, é mais importante definir, neste momento, os programas que pretende-se oferecer, do que a estrutura física. É preciso criar espaços flexíveis e descobertos para usos diferenciados e também espaços rígidos para usos direcionados.

SETOR ENTRADA
• Hall de entrada
• Banheiros
• Lan-house
• Ambulatório (por se tratar de idosos)
SETOR ADMINISTRATIVO
• Recepção
• Atendimento aos visitantes
• Sala de reunião
• Almoxarifado
• Copa
SETOR SERVIÇOS
• Sala para descanso dos funcionários/voluntários/monitores
• Copa
• Depósito para material de limpeza
• Banheiro
SETOR ALIMENTAÇÃO
• Cozinha industrial
• Refeitório




SETOR LAZER
• Salão multi-uso
• Banheiros
• Oficina de Bordado
• Oficina de Cerâmica
• Oficina de Quitandas
• Oficina de Flores artesanais e Arranjos decorativos
• Oficina de Bonecas de Pano
• Oficina de Estofados

O projeto contempla 5 setores, frisando que esse pré-dimensionamento consiste em delimitar um espaço adequado para cada atividade, porém a idéia é criar espaços flexíveis, principalmente nos setores destinados aos usuários, onde pode acontecer usos variados.


CONCLUSÃO

Após as análises realizadas para este estudo, que embasaram as propostas a serem desenvolvidas no Trabalho Final de Graduação – TFG – para a concepção da Casa de Convivência para Idosos, conclui-se que cada vez mais programas como estes estão sendo criados para atender a parcela idosa da população que tem muito a ensinar e precisa de zelo. A concretização de equipamentos públicos com projetos sociais, é fundamental para a comunidade, seja ela carente e/ou idosa, onde haja estímulos para redescobrir a vida na terceira idade para um envelhecimento com qualidade; desenvolver atividades que estimulem os reflexos, a memória e movimentos corporais, bem como o exercício mental.
A Casa de Convivência para Idosos de Ponte Nova/MG será, para o município, um referencial em atendimento ao público da terceira idade e possibilitará, inserido em local estratégico, fácil acesso e o envolvimento de todos os ponte-novenses.

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